Regulação e Legislação

O Real Digital não pode ser emitido apenas pelo Banco Central, afirma Campos Neto

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, declarou que a implantação da Moeda Digital do Banco Central, o CBDC, no Brasil pode acabar com a hegemonia do BC como único emissor da moeda digital, que também será a moeda oficial do país.

A afirmação de Campos Neto foi feita durante evento virtual promovido pela Embaixada da Índia e pela Tata Consultancy Services (TCS) para discutir a evolução tecnológica do sistema financeiro.

Segundo o presidente, a criação de uma versão digital para o Real está avançada e há “pequenos detalhes” a serem acertados, entre eles se o CBDC nacional serão remunerados e rastreáveis, bem como se o BC será o único emissor.

Além disso, ele ressaltou que tem conversado com outras nações sobre o necessidade de interoperabilidade entre as moedas digitais do banco central e que a autarquia divulgará em breve algum comunicado sobre o assunto, para deixar claro para onde o país caminha nesse campo.

Identidade digital brasileira PIX

Ainda durante o evento, ele destacou que o O PIX pode evoluir e se tornar uma identidade digital para os brasileiros.

Segundo ele, a aceitação de Pix surpreendeu o BC, com o número de chaves registradas no sistema de pagamento atingindo 206 milhões e o ticket médio da transação, em R $ 750.

“Pix foi muito rapidamente absorvido pela sociedade. Entendemos que podemos expandir isso para melhorar ainda mais a qualidade de vida das pessoas com serviços públicos, acabando por se tornar uma identidade digital para as pessoas, como aconteceu na Índia”, disse Campos Neto.

Campos Neto afirmou ainda que a maioria das transações do Pix são feitas por pessoas mais jovens, mas disse que, mesmo na população mais velha, há um crescimento significativo dos pagamentos imediatos.

O presidente do BC também reforçou que o sistema financeiro funcionará cada vez mais integrado com as mídias sociais de agora em diante.

“É uma convergência que vai mudar o equilíbrio do sistema financeiro. Daqui a alguns anos, vai precisar entender a porta de entrada do cliente, o banco ou as redes sociais”, declarou.

Substituição gradual de dinheiro físico

Em resposta a uma pergunta da Cointelegraph durante o lançamento do Pix no ano passado, Campos Neto destacou que a proposta de criar um CBDC para o Brasil é, aos poucos, substitua a moeda física.

“É uma moeda digital que entendemos que será estendida e substituirá gradativamente a moeda física”, afirmou em dezembro do ano passado.

Campos Neto afirmou ainda que isso não significa que o CBDC substituirá o Real 100% de uma vez.

“Estamos avançando no caminho de ter uma moeda digital, de ter um processo mais digital, isso não quer dizer que vá substituir a moeda física 100% neste momento, não quer dizer que haja intenção de fazê-lo em uma forma diferente, apenas para troca ou apenas para um produto. Não. A intenção é ter uma moeda digital como um todo. É ter o real digitalizado ”, disse.

Nessa linha, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central do Brasil, João Manoel Pinho de Mello, também já havia declarado que o BC planeja o ‘fim do dinheiro ‘ sem, no entanto, abster-se de emitir notas reais.

Segundo o diretor, o papel-moeda deve ‘morrer’ em breve, mas o BC vai ‘imprimir’ o dinheiro enquanto for necessário.

“O Banco Central não se esquivará de oferecer dinheiro quando houver demanda, como na pandemia”, disse.

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